Hoje, dia 17 de junho de 2025, estreou na Netflix o filme que conta a trajetória de um dos maiores artistas da música brasileira, Ney Matogrosso. O filme estava em cartaz nos cinemas e agora pode ser assistido no conforto de sua casa.
O documentário “Ney Matogrosso – Homem com H”, lançado em 2024, é mais que uma simples biografia. É um mergulho profundo na vida, na arte e na essência de um dos maiores ícones da música brasileira. Dirigido por Esmir Filho, o filme não apenas percorre os principais momentos da carreira de Ney, mas também revela sua personalidade inquieta, livre e irreverente, que desafiou padrões e rompeu tabus ao longo de cinco décadas.
O título do filme faz referência a uma de suas músicas mais emblemáticas, “Homem com H”, que se tornou um hino da liberdade de expressão e da quebra de estereótipos de gênero. Essa canção simboliza muito bem a trajetória de Ney: um artista que nunca se deixou prender por rótulos, que sempre transgrediu estéticas, comportamentos e convenções sociais.
Uma trajetória de ousadia e liberdade
Nascido em 1º de agosto de 1941, em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, Ney Matogrosso desde cedo demonstrou ser alguém fora dos padrões. Sua relação com a arte começou na infância, mas foi na década de 1970 que o Brasil conheceu aquele que se tornaria um dos maiores showmen do país. Sua entrada para o grupo Secos & Molhados, em 1973, revolucionou a música brasileira. Misturando rock, MPB, poesia e uma performance teatral única, o grupo explodiu nas paradas e vendeu milhões de discos, mesmo em plena ditadura militar.
O visual de Ney, seus figurinos exuberantes e sua voz aguda e potente chamaram a atenção do público e chocaram os conservadores da época. Após sair dos Secos & Molhados em 1974, Ney seguiu carreira solo e continuou a surpreender. Suas apresentações eram verdadeiros espetáculos cênicos, misturando música, teatro, dança e uma estética provocadora que falava diretamente sobre liberdade de ser e existir.
Ao longo das décadas, Ney se manteve fiel à sua essência. Gravou álbuns que transitaram por diversos estilos — samba, rock, tango, música eletrônica e até fado —, mostrando sua versatilidade e sua curiosidade artística incessante. Trabalhou com artistas de todas as gerações, desde Cazuza e Lobão até Criolo e Duda Beat, sempre se mantendo atual e relevante.
O filme: mais que uma biografia
O documentário “Homem com H” é construído a partir de arquivos pessoais, imagens inéditas, registros de shows, entrevistas e momentos íntimos. A narrativa não segue uma linha cronológica tradicional, mas sim um recorte afetivo da vida de Ney, costurado por suas próprias falas e reflexões.
O filme aborda temas centrais na vida do artista, como sua relação com a sexualidade, sua luta pela liberdade de expressão, o enfrentamento da censura durante a ditadura e seu posicionamento político e social. Ney nunca se declarou um ativista formal, mas sua própria existência, sua arte e sua presença no palco sempre foram, e continuam sendo, atos políticos.
Ney nos dias atuais: vitalidade e resistência
Aos 83 anos, Ney Matogrosso segue absolutamente ativo. Seu vigor impressiona não apenas pela idade, mas pela energia com que sobe aos palcos, dança, canta e encanta plateias de todas as gerações. Seu mais recente show, que também aparece no documentário, é uma celebração de sua carreira e de sua capacidade de se reinventar.
Ney continua sendo uma voz importante na defesa das liberdades individuais, dos direitos LGBTQIA+ e da diversidade cultural. Nas redes sociais, em entrevistas e em suas apresentações, não se furta a comentar o cenário político e social do país, sempre de forma lúcida, crítica e, ao mesmo tempo, poética.
O filme “Homem com H” não é apenas uma homenagem a Ney Matogrosso. É um convite para que todos reflitam sobre liberdade, autenticidade e coragem. Ney é mais que um artista. É um símbolo de resistência, de beleza e de arte em sua forma mais livre.
